terça-feira, 28 de setembro de 2010

Saudade


- Tenho saudades de ir a terra.
As lágrimas me escorriam pelo rosto. Estava a chover também, a falta de ir a terra foi à primeira coisa de palpável que me assomou. Podia tirar-me tudo, menos isso. Veio sorrateiramente, tomando conta de mim, apoderando-se do que eu ia sentindo, mesmo sabendo que, anteriormente, já se tinha passado mais tempo sem lá ir do que aquele que, nesse momento de necessidade, tinha passado. Mas era complicado. Apesar de adorar lá estar, aquela era a terra do meu pai e era ele quem sofria sempre mais com as partidas. Nessa hora, um sorriso assomou se me na cara e, pela primeira vez em semanas, o coração alegrou se.Brevemente voltaria ao meu mundo,àquele que eu conhecia, Semanas depois, num dia chuvoso, parti em direção a terra. Estava mais feliz, mas não estava propriamente feliz, ou tão feliz como noutras ocasiões. Não era a chuva, não era o caminho, era, sei lá, o problema estava mesmo dentro da minha cabeça, decididamente. As coisas estavam a mudar, eu via e não gostava do que estava a ver. Os meus olhos tinham se aberto do sonho para a realidade. Num momento sonhava, no outro acordava. Num momento sorria, no outro chorava. Lá chegado, o cinzento continuou. A alegria que esperava reencontrar no contato com as pessoas, com os amigos, no resto da família, não passou de uma mera esperança não concretizada. Tudo continuava cinzento e neutro aos meus olhos. Onde antes havia cor, substância, música e vivacidade, havia agora algo que não compreendia, Vejo agora, ou sinto agora - não sabendo se pela maneira como essa mudança me afetou que as transições devem se processar com os olhos o mais abertos possível. Para que saibamos de onde viemos, para que vejamos para onde vamos, para não perder o rumo, para saber o que causou. verdadeiramente essa mudança, para saber o que fomos em cada ponto dessa mudança, para nunca perdermos o rasto (nem por um segundo) daquilo que somos durante o processo de mudança. . As velhas regras tinham mudado, ou então fui eu que saí de um mundo em que as novas regras eram o padrão para outro em que as velhas regras estavam mais fortes que nunca. E não o podia compreender. É óbvio que não podia compreender. Mudar do novo para o velho só pode causar incompreensão e confusão. E é óbvio que queria o meu mundo de volta. Qualquer um quereria. E os soluços que eu ouvia à noite eram o sinal disso. (*.*)

2 comentários:

  1. SAUDADE É A NOSSA ALMA DIZENDO PRA ONDE ELA QUER VOLTAR!!
    BJO DA SUA AMIGA ETERNA!

    ResponderExcluir
  2. Romero...como é bom caminhar pelo seu blog e encontrar textos como este...me enriquece cada vez mais...obrigada meu amigo!!!

    "A saudade é o alimento vão de um espírito desocupado. É preciso, acima de tudo, evitar a saudade ocupando sempre o espírito com novas sensações e novas imaginações."

    bjOs no seu coração..............Helô.

    ResponderExcluir